Dentre inúmeras redes sociais, o ancião Blogger é meu favorito. Não sei se é porque foi a primeira rede social que usei, ou se é porque ele ficou para trás, como um segredo, só sei que tem algo em criar um layout e escrever postagens que me fascina. Será que é o fato de não ser instantâneo? De não ser algo impensado, genérico e veloz, de ser algo feito, moldado, até chegar ao formato que mais me agrada? Bom, não sei. Mas acho até que blog combina comigo. Blog me faz feliz, desde sempre. Então por que não? Preciso mesmo escrever mais, pensar mais antes de escrever, ser mais de quem eu era. 

    E por falar em quem eu era, acessei essa plataforma pela primeira vez aos 11 anos. Acho engraçado observar o tanto que a gente muda em 10 anos. E acho incrível como aos 20 e poucos a gente muda mais a cada ano. Por exemplo, há 10 anos eu era uma criança, e nos últimos anos eu passei por vários tipos de mudanças de gostos, de opiniões. Fui meio sad girl, nerd, romântica, e misturei tudo isso até não ser mais de nenhum desses rótulos (pelo menos não na minha cabeça). Mas tem coisas que sempre ficam, né? Eu confesso que ainda amo animações, e comecei até a me aprofundar no assunto. Ainda amo a sensação de entrar em um lugar com muitos livros, e um dia esse lugar será minha sala de estar. Ainda amo a sensação de imaginar como é a sensação de coisas que eu nunca fiz, mas pretendo, como andar a cavalo.

    E tem as coisas que são acrescentadas: comecei a amar quadrinhos e super-heróis. E filosofia aplicada. E química. E arte clássica. Percebe que são incontáveis os detalhes que fazem da gente, a gente? Amo quando a escrita flui de um assunto ao outro. Mas, voltando, percebe como cada época, cada fase conta? É excelente observar cada fase nossa, mas é quando você está mudando que é legal de olhar profundamente. Mudamos todos os dias, mas quando você sente que uma mudança mais forte está a caminho, é sábio se preparar, fazer um balanço de tudo o que já foi e abrir espaço para o novo.

    Eu sei a sensação de quando um pintor vê sua tela em branco. Às vezes tenho pesadelos com isso também, mas no meu caso são folhas. Eu sei como é quando todos esperam a sua obra-prima e você nem tem certeza mais se é isso mesmo o rumo da sua vida. A graça de escrever, de pintar, de usar alguma arte para se expressar, é que sempre o primeiro movimento a macular a tela, a folha ou o silêncio, sempre o primeiro traço, vai te orientando por uma espécie de ciclo de criação. E pasmem: a ação vem antes da inspiração. Na verdade, inicialmente vem um sentimento maroto causado por algum gênio ou musa, e depois vem a ação.

    Amo escrever. Amo brincar com as junções das palavras e dos sons engraçados que elas podem ter juntas, como "calango andando". Amo as metáforas e estou sempre tentando criar alguma. E sabe o que mais eu amo na escrita? O refinamento da boa escrita. Hoje podemos escrever com emojis e abreviações, quase sempre sendo entendidos, mas a boa escrita, na minha opinião, passa por um processo de forja muito longo e dolorido.

    Ter um blog, um espaço para escrever e publicar, é o meu processo de forja. Cadernos também são legais.